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sexta-feira, 31 de maio de 2013


Plenitude de Cristo






“...e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus.” (Efésios 3:17-19, RA Strong)



A vontade do Pai é que sejamos tomados de toda a sua plenitude; mas o que é estar cheio daquilo que Deus é? O aspecto mais importante que precisamos compreender é que somos filhos. Por sermos filhos, devemos, então, revelar a mesma natureza, o mesmo caráter daquele que nos deu vida. Esta é a base de nossa vida. Precisamos entender que a salvação de nossa alma, o novo nascimento, o tornar se filho, não é um fim em si mesmo. Ou seja, não termina ai; muito ao contrário, representa o início de uma carreira, o começo de uma jornada. Quando nascemos de novo, somos feito homens e mulheres espírituais, nascemos do espírito, para viver agora debaixo do dirigir de nossas vidas pelo espírito; não andamos mais pela alma, ou pelo atendimento dos desejos e vontade da carne, mas é restaurada em nossas vidas o propósito de Deus; que é sermos espirituais e termos as nossas vidas dirigidas pelo espírito. No novo nascimento, o nosso espírito, através do sangue de Jesus, tem restaurada a comunhão com o Pai, e através do Espírito, o nosso espírito é orientado em toda a vontade do Senhor. Mas, somos ainda crianças, e como crianças em Cristo, agimos, ainda muito como carnais. Precisamos iniciar uma jornada de amadurecimento e crescimento.
E nessa jornada, aprendemos a deixar as coisas da carne, e passamos a andar pelo espírito realizando a vontde de Deus que nos deu o Espírito Santo que nos ensina todas as coisas que procedem do coração do Pai. Aprendemos a morrer para nós mesmos, e a viver segundo o caráter de nosso Deus. E, por isso, compreendemos as palavras do Senhor, quanto a tomar a cruz e seguí-lo.
Quando nos colocamos em seguir o desejo do Pai de morrer para nós, para os desejos de nossa carne; e deixarmos o Espírito de Deus, nos guiar, aprenderemos sobre aquilo que é o nosso Deus e o nosso papel como filhos, que é revelar a sua natureza aos homens. Existimos unicamente para revelar esta natureza e o seu caráter. Qualquer coisa diferente disto, precisamos fazer morrer; e fazemos morrer, não porque damos conta, mas porque fomos libertos do poder do pecado e recebemos tudo que precisamos para viver segundo o coração do Pai. Por isso, atitudes da carne (frutos), como: “As coisas que a natureza humana produz são bem conhecidas. Elas são: a imoralidade sexual, a impureza, as ações indecentes, a adoração de ídolos, as feitiçarias, as inimizades, as brigas, as ciumeiras, os acessos de raiva, a ambição egoísta, a desunião, as divisões, as invejas, as bebedeiras, as farras e outras coisas parecidas com essas. Repito o que já disse: os que fazem essas coisas não receberão o Reino de Deus.” (Gálatas 5:19-21, NTLH). Quando fazemos morrer tudo isso, então aprendemos a deixar de viver para nós, segundo a natureza que tínhamos e passamos a andar no Espírito, então manifestaremos os frutos do Espírito que são: “Mas o Espírito de Deus produz o amor, a alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a fidelidade, a humildade e o domínio próprio. E contra essas coisas não existe lei.” (Gálatas 5:22-23, NTLH).
Quando deixamos as nossas vidas serem guiadas pelo Espírito, fazendo morrer a natureza humana, então seremos tomados de toda a plenitude de Deus, conheceremos o seu amor, e revelaremos ao mundo o que é o nosso Deus, por isso “As pessoas que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a natureza humana delas, junto com todas as paixões e desejos dessa natureza.” (Gálatas 5:24, NTLH). Se queremos viver uma vida que agrada a Deus, revelando a sua natureza, sendo luz e sal, então: “Que o Espírito de Deus, que nos deu a vida, controle também a nossa vida!” (Gálatas 5:25, NTLH).

quinta-feira, 30 de maio de 2013




"Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém." II Pedro 2:18


A Graça é o favor desmerecido e imerecido de Deus e sabemos que somos salvos pela graça que é evidenciada através da fé ("Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus." Efésios 2:8), mas  a responsabilidade pessoal de crescer nessa graça é nossa.
A graça de Deus é manifestada, primeiramente, por nossa mudança de entendimento de que somos pecadores e inimigos de Deus ao conhecimento íntimo da misericórdia de Cristo para a salvação. O crescimento da graça no crente, leva-o a continuar crescendo em entendimento e capacidade espiritual.
A capacidade espiritual é vista em menor confiança no que é visível (capacidades humanas e qualidades carnais) e maior confiança no que é espiritual (capacidades invisíveis e qualidades divinas). É sutil esse crescimento, mas verdadeiro e constante. É como a semente lançada à terra que verdadeiramente, brota e cresce, mesmo que não saibamos como,ou como o homem que desde seu nascimento se modifica até tornar-se adulto.
A graça se expressa pela fé, virtude, ciência, temperança, paciência, piedade, amor fraternal e divino. Essas graças podem aumentar e aumentam através do poder do Espírito Santo.

"Ora o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo." Romanos 15:13

Mesmo que o crescimento na graça ocorra através do poder divino, somos instruídos a crescer na graça. Esse crescimento proporcionará em uma sensibilidade maior às obras e desejos de Deus que às obras do mundo. Se temos responsabilidade de crescer na graça, devemos ter os meios para atingirmos esse fim. Esses meios são: a oração, diligência à Palavra de Deus, lembrança das promessas de Deus e um olhar mais fixo em Cristo - a Sua vida, exemplo, obediência e palavras.
Aqueles que têm somente a confissão, e não a vida entregue a Cristo, têm só regras  e formas  que servem de aparências e modos de vida. Aquele que apenas tem uma confissão pode ser moral e, assim, confundir os que não entendem o que é a graça verdadeiramente, mas a pessoa apenas moral nunca finda na conformidade da imagem de Cristo ou amor à Palavra de Deus.
O propósito do crescimento na graça é o nosso bem (resistência melhor ao maligno, pureza de vida) e a Sua glória (luz de testemunho maior, adoração mais pura. Os que crescem na graça são proveitosos aos crentes, ao mundo pela obra da igreja e brilham mais e mais para a glória de Deus . Não são estas razões suficientes de verificarmos que somos em Cristo verdadeiramente?


"E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos."Romanos 8:28-29
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domingo, 26 de maio de 2013

Consagração 


Lições básicas sobre a vida cristã prática.
 Watchman Nee Traduzido do Spiritual Exercise,(Christian Fellowship Publishers, 2007).

“Assim, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo, e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rom. 12:1).

Na edificação de um novo crente, o primeiro problema a resolver é o assunto da consagração. Mas se ele puder ou não admitir esta lição depende em grande parte de quão eficazmente ele foi salvo. Se o evangelho não se apresentou corretamente, aquele que vem ao Senhor Jesus pode considerar-se a si mesmo como fazendo um grande favor a Deus. Para uma pessoa como ele, converter-se em um cristão acrescenta muita glória à cristandade! Sob tal ilusão, como alguém poderá lhe falar a respeito da consagração? Inclusive uma rainha tem que ser conduzida ao ponto onde ela ponha com alegria a sua coroa aos pés do Senhor. Todos nós precisamos atentar que somos nós os favorecidos pelo Senhor ao sermos amados e salvos. Só assim então podemos desejar deixar todas as coisas.
As bases da consagração
Vejamos primeiro o Novo Testamento. Ali encontramos como os filhos de Deus são constrangidos por amor a viver para o Senhor que morreu e ressuscitou por eles (2ª Cor. 5:14). A palavra «constrangido» significa estar firmemente sujeito ou ser rodeado de modo que as pessoas não possam escapar. Quando uma pessoa é movida pelo amor, experimentará tal sensação. O amor o atará e ele estará assim sem valer-se por si mesmo.
O amor, portanto, é a base da consagração. Ninguém pode consagrar-se sem sentir o amor do Senhor. Tem que ver primeiro o amor do Senhor para depois poder consagrar a sua vida. É inútil falar de consagração se não se deseja o amor do Senhor. Depois de ter visto o amor do Senhor, a consagração será a conseqüência inevitável.
No entanto, a consagração se apóia também no direito ou na prerrogativa divina. Esta é a verdade que encontramos em 1ª Cor. 6:19-20. «Ou ignorais que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, o qual está em vós, o qual têm de Deus, e que não sois vossos? Porque fostes comprados por preço; glorificai, pois, a Deus em vosso corpo e no vosso espírito os quais pertencem a Deus».
Hoje, entre os cristãos, este assunto de ter sido comprado por preço não pode ser entendido cabalmente. Mas, para os coríntios no tempo do império romano, isto estava perfeitamente claro. Por quê? Porque naquele tempo tinha comércio de humanos. Tal como hoje que você pode ir ao mercado para comprar frango ou pato, da mesma forma podiam-se comprar seres humanos no mercado humano.
A única diferença era que os preços dos mantimentos estavam mais ou menos estabelecidos, enquanto que, no mercado humano, o preço de cada alma era estabelecido fazendo uma oferta no leilão. Aquele que fazia a oferta mais elevada obtinha o homem, e quem possuía o escravo tinha poder absoluto sobre ele. Paulo utiliza esta metáfora para nos mostrar o que o nosso Senhor tem feito por nós e como ele deu a sua vida como resgate para nos comprar de novo para Deus. O Senhor pagou um grande preço – a sua própria vida. E hoje, por causa dessa obra de redenção, nós cedemos os nossos direitos e perdemos a nossa soberania. Já não somos de nós mesmos, porque pertencemos ao Senhor; portanto, devemos glorificar a Deus em nossos corpos. Somos comprados por preço, o sangue da cruz. Visto que somos comprados, somos seus por direito, por prerrogativa divina.
Por um lado, por amor, escolhemos servi-lo; e por outro lado, por direito, não somos nossos. Nós devemos seguir a ele; não podemos fazer de outra maneira. De acordo ao direito de redenção, somos seus; e segundo o amor que o resgate gera em nós, devemos viver para ele. Uma base para a consagração é o direito legal e a outra base é a resposta de amor. A consagração está, pois, apoiada no amor, que ultrapassa o sentimento humano, assim como no direito segundo a lei. Por estas duas razões, nada podemos, a não ser pertencer ao Senhor.
Significado real da consagração
Nós devemos saber que ser constrangidos pelo amor não é ainda a consagração; nem tampouco ver o direito do Senhor constitui ainda a verdadeira consagração. Depois que alguém foi constrangido pelo amor e viu a prerrogativa do Senhor, é necessário fazer algo adicional. Este passo extra nos põe na posição da consagração. Sendo constrangidos pelo amor do Senhor e sabendo que fomos comprados, apartamo-nos quietamente de tudo para ser inteiramente do Senhor.
Esta é a consagração descrita no Antigo Testamento. É a aceitação de um ofício santo, o ofício de servir ao Senhor. «Oh Senhor, sendo eu amado, que mais posso fazer a não ser me separar de tudo para poder te servir? Daqui em diante, ninguém pode utilizar as minhas mãos ou meus pés, minha boca ou meus ouvidos, porque estas minhas duas mãos são para fazer as suas obras, meus pés para andar em seu caminho, minha boca para cantar o seu louvor, e meus ouvidos para ouvir a sua voz». Isto é consagração.
Suponhamos que você compre um escravo e o traga para o seu lar. Na porta de sua casa, o homem se ajoelha e te rende homenagens, dizendo: «Amo, você me compraste. Hoje atendo com alegria as suas palavras». Porque o fato de que você o tenha adquirido é uma coisa, mas que ele se humilhe diante de ti e proclame o seu desejo de te servir é algo mais. Porque você o compraste, ele reconhece o seu direito. Mas, porque você o amaste mesmo que ele seja tal tipo de homem, ele se declara inteiramente teu. Só isso é consagração.
A consagração é mais que o amor, mais que a compra; é a ação que segue ao amor e à compra. Dali em diante, aquele que se consagra é separado de tudo neste mundo, de todos os seus amos anteriores. Sucessivamente, ele não fará nada a não ser o que o seu amo lhe ordena. Ele se restringe a fazer somente as coisas daquele único dono. Este é o real significado da consagração.
O propósito da consagração
A consagração aponta não a pregação ou o trabalho para Deus, mas o servir a Deus. A palavra «serviço» no original tem o sentido de «esperar em», quer dizer, esperar em Deus para lhe servir. A consagração não implica necessariamente no trabalho incessante, porque o seu objetivo é esperar em Deus. Se ele quiser que estejamos em pé, pomo-nos em pé; se ele quiser que esperemos, esperamos; e se ele quiser que corramos, correremos. Este é o verdadeiro significado de «esperar nele».
O que Deus requer de nós é que apresentemos os nossos corpos a ele, não com o fim de subir ao púlpito ou de evangelizar em terras longínquas, mas de esperar nele. Sem dúvida, alguns podem ter que aceitar o púlpito, já que foram enviados ali por Deus. Alguns podem ser constrangidos a ir a terras distantes, porque foram comissionados por Deus para ir. O trabalho em si varia, mas o tempo consumido segue sendo o mesmo – toda a nossa vida. Precisamos aprender a esperar em Deus. Oferecermos os nossos corpos para que possamos ser aqueles que servem.
Uma vez que nos convertemos em cristãos, devemos servir a Deus por toda a vida. Logo depois de um médico se tornar um cristão, a medicina retrocede de ser a sua vocação para ser a sua afeição. O mesmo ocorrerá com o engenheiro. A demanda do Senhor ocupa a primeira prioridade; servir a Deus se converte no trabalho principal. Se o Senhor permitir, posso desempenhar-me na medicina ou na engenharia para ganhar o meu sustento, mas não poderei fazer deles o meu trabalho de vida. Alguns dos primeiros discípulos eram pescadores, mas, depois que seguiram o Senhor, eles já não esperavam ser grandes pescadores e bem-sucedidos. Pode ser que lhes fosse permitido pescar de vez em quando, mas o seu destino foi alterado.
Que a graça de Deus nos assista, especialmente aos crentes jovens, para que todos possamos ver como a nossa vocação foi mudada. Que todos os professores, doutores, enfermeiras, engenheiros e industriais vejam que agora a sua vocação é servir a Deus. Suas vocações anteriores retrocederam para serem afeições. Eles não devem ser muito ambiciosos em seus campos específicos, embora o Senhor possa dar a alguns deles posições especiais. Aqueles que servem a Deus não pode esperar ser próspero no mundo, porque estas duas coisas são contraditórias. Daqui em diante, apenas devemos servir a Deus; não temos outra via ou destino.
Na consagração, a nossa oração é: «Oh Senhor, tu me deste a oportunidade e o privilégio de vir diante de ti e de te servir. Senhor, sou teu. Daqui por diante os meus ouvidos, minhas mãos e meus pés, sendo comprados pelo teu Sangue, são exclusivamente teus. O mundo já não pode utilizá-los, nem eu tampouco». Qual é, então, o resultado? O resultado será a santidade, porque o fruto da consagração é a santidade.
Em Êxodo 28 temos por um lado a consagração e pelo outro a santidade ao Senhor. Precisamos ser conduzidos para ver que depois de termos sido convertido em cristãos, estamos inutilizados para todo o resto. Isto não significa que vamos ser menos fiéis em nossos trabalhos seculares. Não, nós devemos estar sujeitos às autoridades e cumprir com fidelidade as nossas tarefas. Mas vimos diante de Deus que a nossa vida deve ser gasta no caminho de servir a Deus; todas os demais trabalhos são secundárias.
Watchman Nee
Traduzido do Spiritual Exercise,
(Christian Fellowship Publishers, 2007).
A vida cristã normal    


Uma panorâmica do livro “A Vida Cristã Normal’ – Livro que é um estudo da Carta de  Romanos, a obra mais conhecido de Watchman Nee. Um clássico que mudou a maneira de ver a vida cristã.


O perdão e a libertação
Os primeiros oito capítulos de Romanos formam uma unidade. Esta seção de Romanos se divide naturalmente em duas partes, muito diferentes uma da outra. A primeira termina no verso 11 do capítulo 5 e a segunda no final do capítulo 8. A primeira é dirigida aos pecadores, e a segunda aos crentes; e há considerável diferença entre as duas. Por exemplo, na primeira seção é usada a palavra «pecados» repetidamente; na segunda quase nunca. Na primeira seção temos «pecados» no plural; na segunda temos «pecado» no singular. 
Na primeira seção, é trata da questão dos pecados que cometi diante de Deus, que se podem enumerar, enquanto na segunda é assunto do pecado como princípio de vida em mim. O primeiro é necessário perdão, a última libertação. Embora alcance perdão por todos os meus pecados, ainda por causa da minha condição de pecador não gozo de constante paz da alma. 
Quando no começo a luz divina penetra em meu coração, meu único clamor é por perdão; mas, uma vez recebido o perdão de pecados, descubro algo novo, ou seja, o pecado, e noto que não apenas cometi pecados diante de Deus, mas há algo mau em mim, um poder que me leva ao pecado. Posso procurar e receber perdão, mas em seguida peco de novo. E assim segue a vida em um círculo vicioso, pecando e sendo perdoado, e tornando a pecar. Aprecio o perdão divino, mas anseio algo mais que isso: Libertação! Necessitamos de perdão pelo que temos feito, mas também necessitamos libertação do que somos.
Por isso nestes primeiros oito capítulos de Romanos nos são apresentados dois aspectos da Salvação – perdão de pecados e libertação de pecado. Agora devemos notar outra diferença.

O sangue e a cruz
Na primeira parte (3:25 e 5:9) é mencionado o Sangue do Senhor Jesus mas nunca a Cruz. Na segunda parte, no versículo 6 do capítulo 6, introduz-se um novo tema: o estar «crucificado» com Cristo. O ensino da primeira parte se centraliza naquele aspecto da obra do Senhor Jesus representado «pelo Sangue» derramado para a nossa justificação pela «remissão de pecados». Estes termos não são usados na segunda seção, onde o ensino se centraliza já no aspecto de sua obra representado «pela Cruz», quer dizer, por nossa união com Cristo em sua morte, sepultura e ressurreição. 
Por que essa distinção? É que o Sangue trata com tudo aquilo que nós temos feito, enquanto que a Cruz com o que nós somos. O Sangue é para expiação, e tem haver com a nossa posição diante de Deus e o nosso sentido de pecado. O Sangue pode tirar, perdoar meus pecados, mas fica o «velho homem». É necessária a Cruz para me crucificar, o pecador.

Dois aspectos da ressurreição
Além disso, mencionam-se dois diferentes aspectos da ressurreição nestas duas seções, nos capítulos 4 e 6. Em Romanos 4:25 a ressurreição é mencionada como prova da nossa justificação: «Jesus, nosso Senhor... foi entregue por nossas transgressões e ressuscitado para a nossa justificação». Aqui se trata da nossa posição diante de Deus. Mas no capítulo 6, versículo 4, a ressurreição é mencionada como uma comunicação de vida a fim que andemos em santidade: «A fim de que como Cristo ressuscitou dos mortos... assim também andemos nós em novidade de vida». Aqui se trata da nossa conduta.

Duas classes de paz
A paz é tratada em ambas as seções, nos capítulos 5 e 8 respectivamente. A que classe de paz se refere Romanos 5:1? Paz com Deus: «Justificados, pois, pela fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo». Agora que tenho o perdão de pecados, Deus não será mais causa de preocupação e terror – eu que era um inimigo de Deus fui reconciliado pela morte de seu Filho (Rom. 5:10), mas logo em seguida encontro que eu mesmo sou uma grande causa de preocupação. Ainda há desassossego dentro de mim porque há algo que me leva ao pecado. Há paz com Deus, mas não comigo mesmo.
Há uma guerra em meu próprio coração. Esta condição está bem descrita em Romanos 7 onde se vê que a carne e o Espírito estão em conflito mortal dentro de mim. Mas daqui o argumento nos leva ao capítulo 8, onde é destacada a paz interior produzida, por um andar no Espírito. A mente carnal é morte, porque é «inimizade contra Deus», mas a mente do Espírito «é vida e paz» (Rom. 8:6-7).

Justificação e santificação
Investigando mais, achamos que a primeira metade da seção, trata da justificação (ver exemplo, Rom. 3:24-26; 4:5, 25), enquanto que a segunda metade, tem como tema principal a santificação (ver Rom. 6:19, 22). Quando conhecemos a preciosa verdade da justificação pela fé, conhecemos apenas a metade da verdade. Apenas solucionamos o problema de nossa posição diante de Deus. À medida que avançamos, Deus tem algo mais que nos oferecer, isto é, a solução do problema de nossa conduta; e o pensamento que se desenrola nestes capítulos serve para enfatizar este ponto. Em cada caso, o segundo passo segue ao primeiro, e se só conhecemos o primeiro, estamos vivendo uma vida cristã abaixo do normal. Mas então como poderemos viver uma vida cristã normal? Como entraremos nesta vida? É obvio devemos, em primeiro lugar, ter o perdão dos nossos pecados, necessitamos da justificação, devemos ter paz com Deus: estas constituem o nosso fundamento essencial.
Mas uma vez estabelecida esta base por meio de nosso primeiro ato de fé em Cristo, conclui-se claramente do que já foi dito que devemos seguir adiante, que há algo mais.

Condição para a vida cristã normal
À medida que estudamos os capítulos 6, 7 e 8 de Romanos encontraremos que as condições para viver a vida cristã normal são quatro: (a) Saber, (b) Considerar, (c) Apresentar-se a Deus, e (d) Andar no Espírito; e se dão nessa ordem. Se quisermos viver a vida cristã normal teremos que dar estes quatro passos; não um nem dois, nem três deles, mas os quatro.

O significado de Romanos 7
Mas, qual é o significado de Romanos 7? O que tem que ver com tudo isto?
Há a tendência de sentir que este capítulo está mal situado no lugar onde se acha. Nós gostaríamos de pô-lo entre os capítulos 5 e 6. No fim do capítulo 6 tudo é tão perfeito: então vem um quebrantamento completo no capítulo 7 e o grito «Miserável homem que sou!». Então, qual é o seu ensino?
O capítulo 6 trata da libertação do pecado: e o capítulo 7 da libertação da lei. No capítulo 6 Paulo nos relatou como podemos ser libertos do pecado e supúnhamos que isso foi tudo o que nos faltava. O capítulo 7 agora nos ensina que a libertação do pecado não basta, mas também necessitamos da libertação da lei.
Se não formos de todo emancipados da lei, nunca poderemos experimentar a plena emancipação do pecado, mas qual é a diferença entre a libertação do pecado e a libertação da lei? Todos nós conhecemos o significado da libertação do pecado, mas precisamos conhecer também o significado da lei, se tivermos que apreciar nossa necessidade de libertação dela.
Muitos cristãos são lançados de repente à experiência de Romanos 7 e não sabem por que. Imaginam que Romanos 6 é suficiente. Havendo-o entendido claramente, pensam que não pode haver mais questão de fracasso, e então com grande surpresa se encontram repentinamente em Romanos 7. Qual é a explicação? Romanos 7 nos é dado para explicar e nos levar a experiência da verdade de Romanos 6:14: «O pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça».

O corpo do pecado e o corpo de morte
Romanos 6 trata do «corpo do pecado» (6:6); Romanos 7 trata do «corpo de morte» (7:21). No capítulo 6, todo o tema que nos é apresentado é o «pecado»: no capítulo 7 nos é apresentado a «morte». Qual é a diferença entre corpo do pecado e corpo de morte? Minha atividade com respeito ao pecado faz do meu corpo um corpo de pecado: minha inatividade com respeito à vontade de Deus o faz um corpo de morte.
No tempo quando foi escrita a epístola aos Romanos, um assassino era castigado de uma maneira muito estranha e terrível. O cadáver do morto era amarrado ao corpo vivo do assassino; face a face, mão a mão, pé a pé; e o que vivia ficava ligado ao morto até a sua própria morte. O assassino era livre para ir onde quisesse, mas em qualquer parte tinha que arrastar o cadáver do morto. Paulo se sentiu ligado a um corpo morto e incapaz de livrar-se. Onde quer que fosse, era impedido por esta carga terrível. Depois de um tempo não pôde aguentar mais e clamou: «Miserável homem que sou! Quem me livrará deste corpo de morte?». Mas o seu grito desesperado é seguido imediatamente por um cântico de louvor. Esta é a resposta a sua pergunta: «Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor» (Rom. 7:25).

Posição e experiência
Temos quatro diferentes aspectos em relação com a obra de Deus na redenção: o capítulo 5, «em Adão»; o capítulo 6, «em Cristo»; o capítulo 7, «na carne»; o capítulo 8, «no Espírito». Nisto vemos quatro diferentes princípios e devemos discernir claramente a relação entre eles. Temos «em Adão» contra «em Cristo», mostrando a nossa posição; o que fomos por natureza e em seguida o que agora somos pela fé na obra redentora de Cristo. Também temos «na carne» contra «no Espírito» e isto se relaciona com o nosso andar, como assunto de experiência prática. Cremos que até estamos «em Cristo», mas devemos também andar «no Espírito» (Rom. 8:9). Eis aqui um dos mais importantes pontos da vida cristã. Embora de fato esteja em Cristo, contudo se vivesse na carne, quer dizer em meu próprio poder, então experimentarei o que está «em Adão». Se quero experimentar tudo o que está em Cristo, então devo aprender a andar «no Espírito». O uso frequente das palavras «o Espírito» na primeira parte de Romanos 8 serve para enfatizar esta nova e importante lição da vida cristã.

A vida no Espírito
A carne se relaciona com Adão; o Espírito com Cristo. Viver na carne significa simplesmente que tratamos de fazer algo em nossa própria energia natural. Isto é viver pela força que emana da velha fonte natural de vida que herdei de Adão. Viver na carne significa que cremos que nós mesmos podemos fazê-lo: em consequência tentamos prová-lo.
Viver no Espírito, ao contrário, significa que eu confio que o Espírito Santo fará em mim o que eu não posso fazer. Esta vida é totalmente diferente da que eu naturalmente viveria por mim mesmo. Cada vez que me encontro diante de uma nova ordem do Senhor, olho para ele para que ele faça em mim o que requer de mim. Não é um caso de provar, mas simplesmente de confiar: não de lutar, mas de descansar nele.
Se vivemos no Espírito, podemos ficar de lado e contemplar como o Espírito Santo ganha a cada dia novas vitórias. «Andai segundo o Espírito, e não cumprireis os desejos da carne» (Gál. 5: 16, V.M.). O Espírito Santo nos foi dado para encarregar-se deste assunto. A nossa vitória reside em nos escondermos em Cristo, e em confiar com simplicidade que o seu Santo Espírito vencerá em nós as concupiscências carnais com os seus próprios novos desejos.
Quem me livrará? Este é o clamor de Romanos 7, mas Romanos 8 nos dá a resposta. O grito de louvor de Paulo é: «Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor» (Romanos 7:25). Desta forma, aprendemos que a vida que gozamos é apenas a do Senhor Jesus Cristo. A vida cristã não é viver uma vida parecida com a de Cristo, ou tratar de ser parecido a Cristo, nem tampouco é Cristo nos dando o poder de viver uma vida parecida com a dele. É Cristo mesmo vivendo a sua própria vida em nós: «Já não vivo eu, mas Cristo vive em mim» (Gálatas 2:20); «Cristo em vós, a esperança da glória» (Col. 1:27).

O parênteses de Romanos 11
Depois dos primeiros oito capítulos de Romanos, segue um parênteses no qual é tratado o proceder soberano de Deus com Israel, antes de voltar para o tema dos primeiros capítulos.
Por isso, o raciocínio do capítulo 12 segue ao do capítulo 8 e não ao do capítulo 11. Poderíamos resumir estes capítulos simplesmente desta maneira: Nossos pecados são perdoados (cap. 5), fomos mortos com Cristo (cap. 6), por natureza somos completamente impotentes (cap. 7), portanto, confiemos no Espírito que habita em nós (cap. 8). Depois disto, e como consequência, «somos um corpo em Cristo» (cap. 12). É o resultado lógico de tudo o que antecede e a meta de tudo isso.

Um chamado à consagração
Romanos 12 e os capítulos seguintes contêm instruções muito práticas para a nossa vida e o nosso andar. Foram introduzidas com uma nova ênfase sobre a consagração.
No capítulo 6, verso 13, Paulo disse: «Apresentai-vos a Deus como redivivos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus como instrumentos de justiça», no versículo 12:1, a ênfase é um pouco distinta: «Portanto, irmãos, rogo-vos pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo, e agradável a Deus, que é o vosso culto racional».

A visão do corpo
Esta nova exortação à consagração nos faz como a «irmãos», recordando-nos dos «muitos irmãos» do capítulo 8, verso 29. É uma chamada a dar um passo de fé juntos, o apresentar os nossos corpos em um «sacrifício vivo» a Deus. 
Isto é algo que ultrapassa o individual e implica uma contribuição em conjunto. O «apresentar» é pessoal, mas o sacrifício é coletivo; é um sacrifício. O culto racional, serviço inteligente, é um serviço. Nunca deveríamos pensar que a nossa contribuição não é necessária, porque, na verdade contribuir com aquele serviço, satisfaz a Deus. E é por tal serviço que experimentamos «qual seja a boa vontade de Deus, agradável e perfeita» (12:2) ou, em outras palavras, alcançamos o eterno propósito de Deus em Cristo Jesus. Assim, a chamada de Paulo «a cada um dentre vós» (12:3), faz-se considerando esta nova verdade divina de que nós, sendo muitos, «somos um só corpo em Cristo, e todos membros uns dos outros» (12:5) e é sobre esta base que temos as instruções práticas que se seguem.
O instrumento pelo qual o Senhor Jesus pode revelar-se a esta geração não é ao indivíduo, mas ao corpo. Deus repartiu a cada um uma medida de fé (12:3), mas apenas um membro nunca pode cumprir o propósito de Deus. É necessário um corpo inteiro para ser «um varão perfeito, à medida da estatura da plenitude de Cristo» e manifestar a sua glória.
Desta maneira Romanos 12:3-6 tira da figura do corpo humano o ensino da nossa dependência mútua.
O Corpo não é uma mera ilustração, mas uma realidade. A Bíblia não diz que a igreja é parecida com o corpo, mas é o Corpo de Cristo. «Assim nós, sendo muitos, somos um só corpo em Cristo, e todos membros uns dos outros». Todos os membros juntos são um corpo, porque todos gozam de sua vida como se Ele mesmo se distribuísse entre os seus membros.
Watchman Nee
Obreiro cristão chinês (1903-1972).

sábado, 25 de maio de 2013

Cristo é a Ressurreição e a Vida - Watchman Nee




"Conhecer a cruz é conhecer a ressurreição".
“Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida.” Jo 11:25

Nas questões espirituais somos confrontados com um sério problema. Frequentemente pessoas servem a Deus com habilidades naturais, em vez de servirem com as (habilidades) da vida de ressurreição. Muitos tem zelo, mas poucos tem um zelo ressurreto – um zelo que passou pela morte e ressurreição. Observamos vários irmãos trabalhando hábil e diligentemente e, no entanto, essa habilidade e diligência são do primeiro grupo – o natural – e não do segundo, pois não passaram pela morte. Se nossa vida perante Deus é vivida no poder desses elementos naturais, não podemos dizer que tenhamos vida de ressurreição.

Alguém pode perguntar: “O que é Corpo de Cristo?” O Corpo de Cristo é de onde a ressurreição de Cristo é manifesta. Em outras palavras, o que quer que não pertença à ressurreição, não tem qualquer parte no Corpo de Cristo. A Igreja não é o lugar onde você introduz algo da sua inteligência e eu acrescento algo da minha habilidade em lidar com as pessoas. A Igreja não é edificada através da nossa contribuição com habilidades materiais. A Igreja exclui tudo o que é natural e aceita somente o que é ressurreto. Sempre que o natural se manifesta, a Igreja perde o seu caráter. Na Igreja não pode haver nenhum elemento que não seja ressurreto.

Muitos irmãos perguntam como a Igreja pode ser uma. Temos que compreender quão fútil é tentar alcançar a unidade pelos meios humanos. Os filhos de Deus precisam conhecer à unidade. Nenhum método é efetivo, a menos que o povo de Deus experimente o Calvário. Nenhum problema na Igreja é resolvido quer por estratégias ou engenhosidade humanas. Na Igreja não há lugar nem para a carne, nem para o que é natural, pois ambos a danificarão. É bem verdade que a Igreja requer as contribuições e os ministérios dos homens; no entanto, deve haver a marca da morte sobre eles. Ressurreição é ser útil tendo a marca da morte. O próprio Senhor é a ressurreição, e Ele deseja ter uma Igreja ressurreta.

Se desejamos ter tal experiência, então devemos nos voltar para Deus para que Ele faça a Sua obra em nossas vidas. Talvez estejamos bastante familiarizados com muitos ensinamentos; no entanto, sem recebermos um golpe básico do Senhor, permaneceremos os mesmos. Algumas vezes escorregamos e caímos. É verdade que sentimos a dor; no entanto, ela dura por poucos dias ou meses. Mas se houvéssemos sido golpeados por Deus e suficientemente quebrantados, não ficaríamos doloridos por apenas uns poucos dias ou poucos meses; conservaríamos essa ferida por toda a nossa vida. Mancaríamos para sempre diante de Deus e a marca da cruz estaria sempre sobre nós.

Muitos anos após Paulo ter tido a visão na entrada de Damasco, ele deu o seguinte testemunho: “Pelo que... não fui desobediente à visão celestial” (At 26:19). Se o Senhor tiver misericórdia de nós e um dia nos golpear severamente, nosso velho eu nunca será capaz de se levantar novamente. A ferida permanecerá em nós para sempre. Da mesma forma, como era possível tocar a ferida assim nunca desapareceria das vidas dos que hoje conhecem o Senhor como a ressurreição. Experimentando esta ferida, nunca mais nos atreveremos a orgulhar em nós mesmos e em nossa força. Uma vez abatidos pelo Senhor, não nos levantaremos mais. Que as marcas da cruz sejam cada vez mais evidentes em nossas vidas.

Nesta matéria, toda artificialidade é inútil, pois tudo aquilo que é simulado logo será esquecido. Mas uma vez que o sacrifício é colocado no altar e imolado, ele não se levanta nunca mais. Se sofrermos esse golpe, compreenderemos então quão incapazes, acabados e nulos somos. O nosso conhecimento da ressurreição é testificado por esta marca de morte. Conhecer a cruz é conhecer a ressurreição. Oh! Quantas são as coisas que nunca se levantarão novamente; se foram para sempre ao passar pela cruz. Somente o que pode resistir à cruz possui valor espiritual. O que entra na sepultura e ali permanece é algo morto, no entanto o que sai da sepultura levando a marca da cruz é ressurreição.

Oremos para que verdadeiramente possamos conhecer que Cristo é a nossa ressurreição e a nossa vida. Que o Senhor possa eliminar muitas coisas em nós. Que somente Ele nos leve a ter mais da Sua vida, como também menos de nós mesmos. Quão frequentemente vivemos de acordo com o que é natural, não conhecendo a disciplina de Deus e nem a cruz. Peçamos ao Senhor que, em Sua misericórdia, o que é natural possa gradativamente diminuir em nós, enquanto que o ressurreto possa ser cada vez mais manifesto. Que a vida e a ressurreição possam ser realidades – não teorias – para nós. Possa Ele nos mostrar que não há ressurreição quando apresentamos nossas ações naturais, pois só produzem o que é natural e carnal. Possa Ele expor a nossa carne pela luz da ressurreição. Se ainda não conseguirmos ver, que o Senhor seja misericordioso. Amém!

Extraído do Livro: “Cristo, a Essência de Tudo o que é Espiritual” – Ediçöes Tesouro Aberto

Viver o reino de Deus é preciso...


“Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém sabe quem é o Filho, senão o Pai; e também ninguém sabe quem é o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” (Lucas 10:22, RA Strong).

“Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.” (João 17:18, RA Strong).

“Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.” (João 17:22-23, RA Strong).

“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século. ” (Mateus 28:18-20, RA Strong).


Qual o nosso papel? O que é importante fazermos? O que devemos expressar quando fazemos o que Jesus nos deixou como mandamento para fazer? Na oração do “Pai Nosso”, afirmamos: “seja feita a sua vontade na terra como ela é realizada no céus”; quem irá cumprir a vontade do Pai na terra? Como? Estamos entendnedo o foco que devemos dar a nossa missão?
Temos um reino para revelar! Nosso papel é revelar este reino! Esta missão foi nos dada por Jesus. Ele nos deu a ordem só de falar deste mundo, deste reino? Não, ele nos deu a ordem para viver este reino. Não podemos pregar o reino de Deus, temos que viver o reino de Deus; pois é requerido de nós, a obediência aos mandamentos de Jesus, e isto não por imposição; mas como resultado normal de uma vida que foi transformada por Deus, através da obra redentora de Jesus Cristo, na cruz. E, nele, recebemos vida, um novo coração, fomos feitos novas criaturas. Mas para que isso seja uma verdade, temos que fazer o que Jesus determinou, pegar a cruz, negarmos a nós mesmos, e seguí-lo. Para fazer isso, no fundo o que signfiica? Negarmos a nós mesmos é fazermos morrer a natureza humana que é egoísta, orgulhosa, hipócrica, que busca os próprios interesses.
Revelar o reino, manifestar o reino neste mundo depende de nós, como resultado da obra de  Deus em nossas vidas, não fazemos através da nossa inteligência, nem pelo nosso esforço; mas unicamente por meio da cruz, da capacitação e dependêcia que provêm de Deus.
Não estamos aqui para cuidar dos nossos interesses, mas para cuidarmos uns dos outros. Não para mandar, ou estar acima dos outros; mas para ser exemplo, modelo para o rebanho de Deus, assim como Jesus foi para os seus discípulos.
Jesus não estava preocupado com o resultado imediato; mas sim, no cumprir e no revelar a vontade de Deus, em ser testemunha viva do Deus verdadeiro, em revelar quem ele era. A obra na vida de cada um, a transformação, a capacitação seria resultante da obra do Espírito Santo, e não do seu esforço próprio. Entendemos este exemplo de Jesus? Nós queremos que as pessoas façam as coisas como pensamos ou desejamos; mas não é esta a maneira de Deus. Somos responsável por cuidar, por tratar, por alimentar; mas o crescimento é de Deus. Temos um papel, sim e claro, revelar, na unidade, um reino, o de Deus!!

segunda-feira, 20 de maio de 2013


Ser Livre é mais difícil...


Paulo escrevendo aos Gálatas, afirma o seguinte: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. ” (Gálatas 5:1, BEARA).

Por que é difícil viver o conceito de liberdade recebida em Jesus Cristo, na cruz? Nós na cruz fomos libertos do poder do pecado que escraviza a todo homem. E esta escravidão, este domínio que o pecado exerce sobre as nossas vidas está no fato de sabermos o que deve ser feito; mas não fazemos. Fazemos sim, o que é contrário ao correto que sabíamos que deveríamos ter feito. Por que isto acontece? Por estamos sujeitos ao poder do pecado que nos escraviza.
Na cruz, com Cristo, nós morremos com ele para que na sua ressurreição recebermos da sua vida e a libertação do poder do pecado. Por causa da cruz, podemos afirmar, em Cristo Jesus, pela fé, a libertação recebida. Somos livres, formos libertos do poder do pecado.
Mas sendo livres, podemos fazer o que desejarmos? Não, este é conceito de liberdade que temos em Deus; pois existe o amor de Deus derramado em nossas vidas, pelo seu Espírito. E o amor está acima da lei da liberdade, como Paulo afirmou aos irmãos que viviam em Corinto: “Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificamNinguém busque o seu próprio interesse, e sim o de outrem.” (1 Coríntios 10:23-24, BEARA).
Quando nos submetemos a escravidão, quando nos submetemos a leis e ordenanças, indica para nós não uma opção de escolha, mas sim, um obediência sem questionamento. Quando encontramos a liberdade, implica que deixa de ter alguém que decida por nós o que deve e o que não deve ser feito. O que pode e o que não pode ser feito, entendemos isso? Quando escravos, quando sujeito a lei, não existem escolhas, e sim, obediência.
Mas quando somos livres de tudo que nos escraviza, inclusive de leis e dogmas, então, o que nos resta? A liberdade, o fato de sermos livres. Somos livres, podemos fazer o que quisermos e como desejarmos; mas é este o princípio que norteia vida de Deus? Não. É ai que temos que compreender que a liberdade é mais difícil de ser vivida, a libertação que recebemos em Deus, implica em aprendermos a fazer as escolhas segundo a Sua natureza. Tendo o entendimento da vontade, da forma de Deus agir, precisamos ser seus imitadores; ou seja, precisamos aprender a fazer as escolhas de nosso Deus.
Por isso, embora, Paulo afirma que tudo é lícito, nem tudo convém. Tudo que vamos fazer precisa ser analisado a luz da lei do amor, ou seja, do amor ao próximo. Já não devemos olhar para as nossas necessidades, mas para a necessidade dos outros. Já não olhamos para os nossos interesses; mas para os interesses dos outros.
Por isso, precisamos aprender a viver a liberdade que recebemos no reino de Deus. Devemos aprender a fazer as escolhas segundo a natureza de Deus que envolve o amor ao próximo, e a demonstração de honra e amor ao nosso Deus. Edifica o próximo? Expressa honra a Deus o que vamos fazer? Glorifica o seu nome? Sim, então, façamos; não, então não.
E esta atitude devemos ter em cada momento de nossas vidas, em cada gasto, por exemplo, que vamos empreender, como: precisamos disto, ou este dinheiro seria útil e melhor empregado se abençoássemos aquele irmão que precisa? Entendemos o conceito de liberdade recebida? Não é fazermos o que é do nosso interesse e desejo; mas sim, o que edifica, fortalece a igreja (os irmãos) e glorifica o nome de Deus.

sexta-feira, 17 de maio de 2013




Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.” (2 Pedro 3:9, RA Strong). “Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça. Por essa razão, pois, amados,esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis, e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, … ” (2 Pedro 3:11-15, RA Strong).
Como temos vivido neste mundo? Quais são nossas atitudes? Em que temos empenhado o nosso coração, nossas forças, desejos? Temos gasto nossa energia no apressar a vinda do Senhor? Como podemos apressar a vinda do Senhor?
Não é o desejo do Senhor que todos cheguem ao arrependimento, e não é por isso que tem sido o Senhor longânime e paciente para conosco? Como então podemos apressar a vinda do Senhor?
É este aspecto que precisamos compreender a importância do papel concedido a nós pelo nosso Deus. A nós compete levar o reino de Deus além das fronteiras atuais. O Senhor determinou que fôssemos a todos os lugares e pregasse as boas novas, falasse do reino, formasse discípulos que levariam essa mensagem a todos os povos, ensinando cada um a guardar as suas palavras. Temos agido assim, ou temos cuidado de nossos interesses, dos nossos sonhos?
Se desejamos de todo o coração habitar na nova terra, se desejamos ardentemente a volta do Senhor precisamos rever as nossas atitudes, ações e os nossos planos. Precisamos compreender que diante da longanimidade de nosso Deus, que anseia que todos cheguem ao arrependimento e ao conhecimento da sua vontade; então, nós como instrumentos de Deus, precisamos cumprir o nosso papel e apressar a vinda do Senhor.
Por isso, enquanto cumprimos o nosso papel no reino de Deus, sendo embaixadores, sendo reconciliadores dos homens com Deus, precisamos viver de forma que o nome do Senhor seja glorificado. Devemos viver uma vida irrepreensível, uma vida sem mácula, andando em santidade, glorificando a Deus em tudo o que estamos fazendo: nossas atitudes e nossas palavras para que o mundo o possa reconhecê-lo através da igreja, o seu corpo.
Quando o nosso foco é o reino de Deus, o fazer a graça e o amor de Deus conhecidos neste mundo, então todas as demais coisas perdem importância. Realizamos como meio para atingirmos o objetivo, que é fazer o reino de Deus conhecido neste mundo. Nosso emprego, nosso futuro, nossos desejos estão todos voltados para atender a vontade de Deus e não aos nossos.
Queremos a volta do Senhor? Devemos, portanto, rever os nossos valores, nossas atitudes e ações que temos realizado, de forma que as mesmas traduzam de fato, que estamos apressando a sua volta, que desejamos ardentemente a nova terra, onde habita justiça.
Empenhemos o nosso coração em cumprir, viver e realizar a vontade de Deus e em expandir as fronteira do reino, alcançando novos corações e novas vidas para o seu reino, fazendo verdadeiros discípulos que levam a mesma mensagem a todos os cantos.

quinta-feira, 16 de maio de 2013





Onde está verdadeiramente nosso Coração?
lA grande questão que só nós podemos responder e o Deus verdadeiro está relacionado as motivações e o signficado para nós de servir a Deus. Servimos de fato? Ou andamos conforme o conselho de quem tem influência sobre as nossas vidas? Temos um coração voltado para buscar e conhecer a Deus? Ou temos sido “cristãos” por conveniência do momento.
No antigo testamento podemos ler sobre a atitude de um rei quanto a servir a Deus: “Depois da morte de Joiada, vieram os príncipes de Judá e se prostraram perante o rei, e o rei os ouviu. Deixaram a Casa do Senhor, Deus de seus pais, e serviram aos postes-ídolos e aos ídolos; e, por esta sua culpa, veio grande ira sobre Judá e Jerusalém. Porém o Senhor lhes enviou profetas para os reconduzir a si; estes profetas testemunharam contra eles, mas eles não deram ouvidos.” (2 Crônicas 24:17-19, BEARA). “O Espírito de Deus se apoderou de Zacarias, filho do sacerdote Joiada, o qual se pôs em pé diante do povo e lhes disse: Assim diz Deus: Por que transgredis os mandamentos do Senhor, de modo que não prosperais? Porque deixastes o Senhor, também ele vos deixará.” (2 Crônicas 24:20, BEARA).
Alguns de nós nos assemelhamos muito a este rei de Juda. Enquanto havia uma influência forte em sua vida, ele, seguindo os conselhos de seu mentor, “servia” a Deus; mas este mentor ao morrer, o rei começou a seguir outro conselho, já não servia a Deus. E nós? O que norteia, ou determina a nossa vida com Deus? Temos de fato um coração voltado para o Senhor? Servimos a ele resultante de uma busca pessoal, de um desejo ardente de conhecê-lo? Ou o temos servido por outros motivos, na relaidade por causa de outros “deuses”? Não amamos e não servimos a Deus, mas sim a pessoa que serve e queremos somente honrá-la?
Ou temos vivido de aparência, e conveniência, mas se as situações que mantem este “status quo” forem rompidas, então nos voltamos efetivamente para os deuses que temos eleito? Que deuses? Podemos fazer esta pergunta? Precisamos sondar os nossos corações e identificar as nossas motivações? Os desejos mais profundos que temos sustentado. A razão de nossa luta. Temos mantido o foco no conhecer, no honrar, no expressar Deus em nossa vida? Temos posto o coração em buscar intessamente e em compreender a vontade de Deus e não só isso, mas temos nos movido no sentido de buscar o conhecimento do Altíssimo para sermos expressão da sua vida neste mundo?
Estamos entendendo? Ninguém pode dizer que estamos ou não servindo e desejando servir de todo o coração a Deus. Ninguém conhece o nosso coração. Somente nós podemos discernir as nossas motivações e o Deus verdadeiro; pois ele sonda mente e coração.
Um coração íntegro está não no fato de sermos perfeitos e fazermos todas as coisas que agradam a Deus; mas é termos um coração sincero diante do criador como Davi tinha. Davi não era perfeito; mas aprendeu a conhecer a vontade de Deus, dependia de Dele e ao errar, arrependia e voltava de coração para cumprir e realizar o Seu querer. Ponhamos em nosso coração o firme propósito de servir ao Senhor de todo o nosso coração, de toda a nossa alma para que a sua vontade se realize neste mundo, para sermos expressão da vida de Deus, para manifestarmos a sua glória e graça entre os homens.ho de quem tem influência sobre as nossas vidas? Temos um coração voltado para buscar e conhecer a Deus? Ou temos sido “cristãos” por conveniência do momento.
No antigo testamento podemos ler sobre a atitude de um rei quanto a servir a Deus: “Depois da morte de Joiada, vieram os príncipes de Judá e se prostraram perante o rei, e o rei os ouviu. Deixaram a Casa do Senhor, Deus de seus pais, e serviram aos postes-ídolos e aos ídolos; e, por esta sua culpa, veio grande ira sobre Judá e Jerusalém. Porém o Senhor lhes enviou profetas para os reconduzir a si; estes profetas testemunharam contra eles, mas eles não deram ouvidos.” (2 Crônicas 24:17-19, BEARA). “O Espírito de Deus se apoderou de Zacarias, filho do sacerdote Joiada, o qual se pôs em pé diante do povo e lhes disse: Assim diz Deus: Por que transgredis os mandamentos do Senhor, de modo que não prosperais? Porque deixastes o Senhor, também ele vos deixará.” (2 Crônicas 24:20, BEARA).
Alguns de nós nos assemelhamos muito a este rei de Juda. Enquanto havia uma influência forte em sua vida, ele, seguindo os conselhos de seu mentor, “servia” a Deus; mas este mentor ao morrer, o rei começou a seguir outro conselho, já não servia a Deus. E nós? O que norteia, ou determina a nossa vida com Deus? Temos de fato um coração voltado para o Senhor? Servimos a ele resultante de uma busca pessoal, de um desejo ardente de conhecê-lo? Ou o temos servido por outros motivos, na relaidade por causa de outros “deuses”? Não amamos e não servimos a Deus, mas sim a pessoa que serve e queremos somente honrá-la?
Ou temos vivido de aparência, e conveniência, mas se as situações que mantem este “status quo” forem rompidas, então nos voltamos efetivamente para os deuses que temos eleito? Que deuses? Podemos fazer esta pergunta? Precisamos sondar os nossos corações e identificar as nossas motivações? Os desejos mais profundos que temos sustentado. A razão de nossa luta. Temos mantido o foco no conhecer, no honrar, no expressar Deus em nossa vida? Temos posto o coração em buscar intessamente e em compreender a vontade de Deus e não só isso, mas temos nos movido no sentido de buscar o conhecimento do Altíssimo para sermos expressão da sua vida neste mundo?
Estamos entendendo? Ninguém pode dizer que estamos ou não servindo e desejando servir de todo o coração a Deus. Ninguém conhece o nosso coração. Somente nós podemos discernir as nossas motivações e o Deus verdadeiro; pois ele sonda mente e coração.
Um coração íntegro está não no fato de sermos perfeitos e fazermos todas as coisas que agradam a Deus; mas é termos um coração sincero diante do criador como Davi tinha. Davi não era perfeito; mas aprendeu a conhecer a vontade de Deus, dependia de Dele e ao errar, arrependia e voltava de coração para cumprir e realizar o Seu querer. Ponhamos em nosso coração o firme propósito de servir ao Senhor de todo o nosso coração, de toda a nossa alma para que a sua vontade se realize neste mundo, para sermos expressão da vida de Deus, para manifestarmos a sua glória e graça entre os homens.

segunda-feira, 13 de maio de 2013




“Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?
Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro.
Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.
Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir,
Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor. 
Romanos 8:35-39

POSSO TODAS AS COISAS 

Não é difícil andar pelo trânsito das grandes cidades brasileiras e ver diversos adesivos no vidro dos veículos de evangélicos com o slogan tirado de Filipenses 4.13. A pergunta surge espontaneamente: Por que tanta gente divulga tal mensagem bíblica? Qual é o seu significado? Por que tornou-se tão popular? Infelizmente, este é um dos versículos mais mal compreendidos das Escrituras nos dias de hoje. Por incrível que pareça o texto de Paulo é entendido exatamente no sentido contrário ao pretendido pelo autor. A grande maioria dos testemunhos e mensagens que citam o referido no texto nos meios de comunicação atuais estão atrelados à teologia popular triunfalista de nossos dias. Portanto, acredita-se que “posso todas as coisas naquele que me fortalece” significa “vencerei todos os obstáculos que estão à minha frente” ou “posso alcançar tudo o que quiser”, ou ainda, “comigo ninguém pode”. Muitos pensam que podem comprar aquilo que não têm como pagar, outros acham que podem fazer aquilo para o qual não têm dom ou preparo, sem falar em absurdos ainda maiores sugeridos. Todo leitor da Bíblia tem a responsabilidade de buscar o sentido correto do texto sagrado. Não há dúvida de que este sentido é aquele que o autor original quis transmitir quando escreveu o texto. A idéia de que se pode “descobrir” algo especial, “escondido” no texto é falsa e deve ser abandonada. O que Paulo tinha em mente quando registrou tais palavras? Qual foi sua intenção, ao escrever para os irmãos filipenses? A leitura das palavras gregas do texto não trazem tanta luz à interpretação neste caso específico. A tradução quase que literal da maioria das versões em português expressa com suficiência o conteúdo do verso em grego. Vale mencionar que “fortalece” vem de dynamis que significa poder, força, o que intensifica o fortalecimento dado por Cristo no versículo. Antes de tudo, é necessário observar que Filipenses é uma das epístolas da prisão. Juntamente com Efésios, Colossenses e Filemom, trata-se de uma carta escrita quando Paulo estava preso por causa do Evangelho. Os textos de 1.7, 13, 14 e 17 deixam muito claro o contexto de encarceramento do apóstolo. Todavia, não se sabe com certeza onde Paulo está. Tradicionalmente, os intérpretes clássicos sugeriam que Paulo está preso em Roma, por volta de 60-61, principalmente por causa de 1.13 que cita “a guarda do palácio”, isto é o Pretório. Tal percepção colocaria a carta no mesmo contexto das demais “cartas da prisão”. Outros intérpretes sugeriram que Paulo poderia estar preso em Éfeso (1Coríntios 15.32); outros entendem que a prisão em Cesaréia (57-59) seria o cenário ideal para a elaboração da epístola. Independemente das minúcias cronológicas, o importante é que Paulo está “em cadeias”. Um dos temas de encorajamento que marca a epístola é “alegria”. O verbo “alegrar-se” (chairo) aparece em 1.18, 2.17, 18, 28, 3.1, 4.4 e 4.10; “regozijar” (synkairo) está em 2.17 e 18. O imperativo plural é contundente, aparecendo em 2.18 e 4.4, o famoso texto que diz (NVI) “Alegrem-se no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se!” É impressionante ver um preso exortando os demais à alegria.
É neste contexto de alegria, particularmente por uma oferta dos filipenses em favor de Paulo, que o texto de 4.13 está inserido. Não será tão difícil entender o versículo final se prestarmos atenção ao texto imediatamente anterior. Os versículos 11 e 12 dizem: “Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente com toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade (NVI). Depois de afirmar isso, Paulo diz que “tudo pode em Cristo”. Afinal, o que Paulo pode (no sentido de ser capaz de suportar)? É muito simples: Pode passar necessidade, pode passar fome, pode ser preso. Isto quer dizer que Paulo pode enfrentar qualquer situação difícil, pois Cristo lhe dá força suficiente para suportar as agruras do seu ministério. Todavia, deve ficar claro que Paulo também diz que pode estar bem alimentado, pode ter muito e pode ter fartura. No entanto, “pode” aqui não significa “tenho capacidade para conseguir”, muito menos quer dizer “tenho direito a isso”. A essência de tudo é “aprendi o segredo de viver contente com toda e qualquer situação”. Se tenho fartura, louvado seja Deus. Que ela não me impeça de servir ao Senhor. Se enfrento problemas, louvado seja Deus. Que eles não me desanimem no ministério cristão. É muito importante ler a Palavra de Deus e entendê-la corretamente.