Podemos
definir a doutrina da Trindade do seguinte modo: Deus existe eternamente como
três pessoas — Pai, Filho e Espírito Santo — e cada pessoa é plenamente Deus, e
existe só um Deus. A palavra trindade não se encontra na Bíblia, embora a idéia
representada pela palavra seja ensinada em muitos trechos. Trindade significa
“tri-unidade” ou “três-em-unidade”. É usada para resumir o ensinamento bíblico
de que Deus é três pessoas, porém um só Deus. Em certo sentido a doutrina da
Trindade é um mistério que jamais seremos capazes de entender plenamente.
Podemos, todavia, compreender parte da sua verdade resumindo o ensinamento das
Escrituras em três declarações:
1. Deus é três
pessoas: O fato de
ser Deus três pessoas significa que o Pai não é o Filho; são pessoas distintas.
Significa também que o Pai não é o Espírito Santo, mas são pessoas distintas. E
significa que o Filho não é o Espírito Santo. Essas distinções se mostram em
várias das passagens citadas na seção anterior, bem como em muitas outras
passagens do Novo Testamento.
2. Cada pessoa é plenamente Deus: Além do fato de serem as três pessoas
distintas, as Escrituras também dão farto testemunho de que cada pessoa é
plenamente Deus. Primeiro, Deus Pai é claramente Deus. Isso se evidencia desde
o primeiro versículo da Bíblia, no qual Deus cria o céu e a terra. É evidente
em todo o Antigo e no Novo Testamento, nos quais Deus Pai é retratado
nitidamente como Senhor soberano de tudo e onde Jesus ora ao seu Pai celeste. Também,
o Filho é plenamente Deus. Embora esse ponto seja desenvolvido com mais
pormenores no capítulo 26 (“A Pessoa de Cristo”), podemos aqui mencionar de
passagem vários trechos explícitos. João 1.1-4
Além
disso, o Espírito Santo é também plenamente Deus. Uma vez que entendamos que
Deus Pai e Deus Filho são plenamente Deus, então as expressões trinitárias em
versículos como Mateus 28.19 (“batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo”) se revestem de relevância para a doutrina do Espírito Santo,
pois mostram que o Espírito Santo está classificado no mesmo nível do Pai e do
Filho.
3. Só há um Deus: As Escrituras deixam bem claro que só existe
um único Deus. As três diferentes pessoas da Trindade são um não apenas em
propósito e em concordância no que pensam, mas um em essência, um na sua
natureza essencial. Em outras palavras, Deus é um só ser. Não existem três
Deuses. Só existe um Deus.
A
importância da doutrina da Trindade.
Por
que a igreja tanto se ocupou da doutrina da Trindade? Será realmente essencial
apegar-se à plena divindade do Filho e do Espírito Santo? Certamente sim, pois
esse ensinamento traz implicações para o próprio cerne da fé cristã. Em
primeiro lugar, está em jogo a expiação. Em segundo lugar, a justificação
somente pela fé fica ameaçada se negamos a plena divindade do Filho. Em
terceiro lugar, se Jesus não é o Deus infinito, será que devemos nos dirigir a
ele em oração ou adorá-lo? Na verdade, se Jesus é meramente uma criatura, por
maior que seja, seria idolatria adorá-lo — e no entanto o Novo Testamento nos
ordena fazê-lo (Fp 2.9-11; Ap 5.12-14). Em quarto lugar, se alguém prega que
Cristo foi um ser criado e, mesmo assim, nos salvou, então esse ensinamento
atribui erroneamente o mérito da salvação a uma criatura, e não ao próprio
Deus. Em quinto lugar, a independência e a natureza pessoal de Deus estão em
jogo: se a Trindade não existe, então não houve relacionamentos interpessoais
dentro do ser divino antes da criação, e, sem relacionamento pessoais, é
difícil entender como Deus poderia ser genuinamente pessoal ou como não teria a
necessidade da criação para com ela relacionar-se. Em sexto lugar, a unidade do
universo está em jogo: se não há pluralidade perfeita e unidade perfeita no
próprio Deus, então também não temos fundamento para pensar que possa existir
alguma unidade última entre os diversos elementos do universo.
Não
é correto dizer que não podemos compreender nada da doutrina da Trindade.
Certamente podemos compreender e saber que Deus é três pessoas, e que cada
pessoa é plenamente Deus, e que só há um Deus. Podemos saber essas coisas
porque a Bíblia as ensina. Além disso, podemos saber algumas coisas acerca do
modo como as pessoas se relacionam umas com as outras. Mas o que não podemos
compreender plenamente é como encaixar esses diferentes ensinamentos bíblicos.
Perguntamo-nos como pode haver três pessoas distintas, como cada pessoa pode
conter em si a totalidade do ser divino, e como, apesar disso, Deus é um ser
único e indiviso. Isso não somos capazes de compreender. De fato, nos é
espiritualmente saudável reconhecer abertamente que o ser divino em si é tão
imenso que jamais poderemos vir a compreendê-lo. Isso nos humilha diante de Deus
e leva-nos a adorá-lo sem reservas.
Mas
também é preciso dizer que as Escrituras não nos pedem que creiamos numa
contradição. Contradição seria dizer: “só existe um único Deus e não existe um
único Deus” ou “Deus é três pessoas e Deus não é três pessoas” ou mesmo
(semelhante à afirmação precedente) “Deus é três pessoas e Deus é uma pessoa”.
Como
Deus em si mesmo contém tanto a unidade quanto a diversidade, não é de admirar
que unidade e diversidade também se reflitam nas relações humanas que ele firmou.
Percebemos isso inicialmente no casamento. Quando Deus criou o homem à sua
própria imagem, não criou meros indivíduos isolados, mas diz-nos a Bíblia:
“homem e mulher os criou” (Gn 1.27). E na unidade do casamento (ver Gn 2.24)
percebemos não uma triunidade como em Deus, mas pelo menos uma notável unidade
de duas pessoas, pessoas que permanecem indivíduos distintos, porém se tornam
um só em corpo, mente e espírito (cf. 1Co 6.16-20; Ef 5.31).
Na
“MENSAGEM e fé BATISTA da Convenção Batista do Sul dos EUA” temos as seguintes
conceituações de Deus Pai, Filho e Espirito Santo:
Há
um e somente um Deus vivo e verdadeiro. Ele é um ser inteligente, espiritual e
pessoal, o Criador, o Redentor, o Sustentador e o Senhor do universo. Deus é
infinito em santidade e em todas as outras perfeições. A ele devemos supremo
amor, reverência e obediência. O eterno Deus revela-se a nós como Pai, Filho e
Espírito Santo, com atributos pessoais distintos, mas sem divisão de natureza,
de essência ou de ser.
Deus
como Pai reina com cuidado providencial sobre seu universo, sobre suas
criaturas e sobre o fluxo da história humana, de acordo com os propósitos de
sua graça. Ele é todo poder, todo amor e todo sabedoria. Deus é Pai em verdade
para os que se tornaram filhos de Deus através da fé em Jesus Cristo. Ele é
paternal em sua atitude para com todos os homens.
Cristo
é o eterno Filho de Deus. Em sua encarnação como Jesus Cristo foi concebido
pelo Espírito Santo e nasceu da virgem Maria. Jesus revelou perfeitamente a
Deus e fez a vontade de Deus, tomando sobre si os requisitos e as necessidades
da natureza humana, identificando-se completamente com o ser humano ainda que
sem pecado. Ele honrou a lei divina por sua obediência pessoal, e em sua morte
na cruz fez provisão para a redenção dos homens do pecado. Foi ressuscitado
dentre os mortos em um corpo glorificado e apareceu aos seus discípulos como
aquele que esteve com eles antes de sua crucificação. Subiu ao céu e agora está
exaltado à direita de Deus, onde é o único Mediador, participando da natureza
de Deus e do homem, e em cuja pessoa efetua-se a reconciliação entre Deus e o
homem. Ele voltará em poder e glória para julgar o mundo e consumar sua missão
redentora. Habita agora em todos os crentes como Senhor vivo e para sempre
presente.
O
Espírito Santo é o Espírito de Deus. Ele inspirou santos homens do passado para
escreverem as Escrituras. Através da iluminação capacita homens a entenderem a
verdade. Ele exalta a Cristo. Convence do pecado, da justiça e do juízo. Chama
os homens ao Salvador e efetua a regeneração. Desenvolve o caráter cristão,
consola os crentes e concede dons espirituais pelos quais servem a Deus através
de sua igreja. Ele sela o crente para o dia da redenção final. Sua presença no
cristão é a segurança de que Deus trará o crente à plenitude da estatura de
Cristo. Ilumina e capacita o crente e a igreja para a adoração, a evangelização
e o serviço.
Extraído
de : Teologia Sistemática. Wayne Grudem, Edições Vida Nova.
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