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sábado, 19 de outubro de 2013

Apostila de Fundamentos da Fé Cristã: Capítulo 1 : A Doutrina da Palavra de Deus


Início da Apostila de Fundamentos da Fé Cristã...um material resumido com teologia de doutrinas bíblicas para auxiliar o melhor entendimento do Cristianismo. 

Capítulo 1 : A Doutrina da Palavra de Deus



A Bíblia, palavra de Deus, não é um livro qualquer. A origem dela está em Deus, que falou através de homens separados para registrar sua Palavra. O Espírito Santo habitou em certos homens, inspirou-os, e assim dirigiu-os que eles, em plena consciência, expressaram-se na sua singular maneira pessoal. O Espírito capacitou homens a conhecer e expressar a verdade de Deus. Ele impediu-os de incluir qualquer coisa que fosse contrária a essa verdade de Deus. Ele também impediu-os de escrever coisa que não eram necessárias. Assim, homens escreveram como homens, mas, ao mesmo tempo, comunicaram a mensagem de Deus, não a do homem .
Essa compreensão, que advém das próprias Escrituras, caracteriza distintamente o cristianismo: os profetas não falaram aleatoriamente o que pensavam; antes, “testificaram a verdade de que era a boca do Senhor que falava através deles” [3]. Sobre essa questão Calvino declarou:
Eis aqui o principio que distingue nossa religião de todas as demais, ou seja: sabemos que Deus nos falou e estamos plenamente convencidos de que os profetas não falaram de si próprios, mas que, como órgãos do Espírito Santo, pronunciaram somente aquilo para o qual foram do céu comissionados a declarar. Todos quantos desejam beneficiar-se das Escrituras devem antes aceitar isto como um principio estabelecido, a saber: que a lei e os profetas não são ensinos passados adiante ao bel-prazer dos homens ou produzidos pelas mentes humanas como uma fonte, senão que foram ditados pelo Espírito Santo [4].
Nas Escrituras temos todos os livros que Deus quis que fossem preservados para nossa edificação:
Aquelas [epístolas] que o Senhor quis que fossem indispensáveis à sua Igreja, Ele as consagrou por sua providência para que fossem perenemente lembradas. Saibamos, pois, que o que foi deixado nos é suficiente, e que sua insignificância não acidental; senão que o cânon das Escrituras, o qual se encontra em nosso poder, foi mantido sob controle através do grandioso conselho de Deus .
Que significa então a frase “a Palavra de Deus”? Na verdade, há vários significados que essa frase assume na Bíblia. Vale a pena distinguir claramente esses diferentes sentidos no começo deste estudo.

A. “A Palavra De Deus” Como Pessoa: Jesus Cristo

Às vezes a Bíblia refere-se ao Filho de Deus como “a Palavra de Deus”. Em Apocalipse 19.13, João vê o Senhor Jesus ressurreto no céu e diz: “Está vestido com um manto tingido de sangue, e o seu nome é a Palavra de Deus” (nvi). De modo semelhante, no começo do Evangelho de João lemos: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus” (Jo 1.1, nvi). É claro que João está falando aqui do Filho de Deus, porque no versículo 14 diz: “A Palavra tornou-se carne e viveu entre nós.

B. “A Palavra de Deus” como comunicação verbal de Deus

1. Os decretos de Deus.

Às vezes as palavras de Deus tomam a forma de decretos poderosos que causam eventos ou até mesmo trazem coisas à existência. “Disse Deus: Haja luz; e houve luz” (Gn 1.3). Deus criou ainda o mundo animal proferindo sua poderosa palavra: “Produza a terra seres viventes, conforme a sua espécie: animais domésticos, répteis e animais selváticos, segundo a sua espécie. E assim se fez” (Gn 1.24). Por isso, o salmista pode dizer: “Os céus por sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de sua boca, o exército deles” (Sl 33.6).

2. Palavras de Deus de aplicação pessoal.

Deus às vezes se comunica com pessoas sobre a terra falando diretamente a elas. Esses casos são exemplos de Palavra de Deus de aplicação pessoal e encontram-se através das Escrituras. Bem no início da criação, Deus diz a Adão: “E o Senhor Deus lhe deu essa ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.16-17).

3. Palavras de Deus comunicadas por lábios humanos.

Com freqüência nas Escrituras Deus levanta profetas para falar por meio deles. De novo, é evidente que embora sejam palavras humanas, faladas em linguagem humana comum por seres humanos comuns, sua autoridade e veracidade não sofrem nenhuma redução; ainda são inteiramente palavras de Deus.

4. Palavras de Deus em forma escrita (a Bíblia).

Além das palavras de Deus em forma de decreto, das palavras de Deus de aplicação pessoal e das palavras de Deus comunicadas por lábios humanos, também encontramos nas Escrituras várias situações em que as palavras de Deus são colocadas em forma escrita. Deus é o Autor da Escrituras. Mesmo a Bíblia sendo registrada por homens, falando do pecado do homem, descrevendo a desobediência circunstancial de seus autores secundários, ela é prioritariamente um livro divino. 
Paulo diz que “toda Escritura é inspirada por Deus” (2 Tm 3.16), indicando a sua procedência: toda a Escritura Sarada é soprada, exalada por Deus. Esta Palavra não foi apenas entregue aos homens, mas foi preservada por Deus; Deus preservou ao seu registro e quanto à sua conservação.

C. O ponto de convergência do nosso estudo

De todas as formas da Palavra de Deus,  o ponto de convergência de nosso estudo é a Palavra de Deus em forma escrita, isto é, a Bíblia. Essa é a forma da Palavra de Deus disponível para estudo, pesquisa pública, exame repetido e como base para discussão uns com outros. Ela nos fala sobre a Palavra de Deus e para ela nos conduz como a uma pessoa, ou seja, Jesus Cristo, a quem não temos agora em forma corpórea sobre a terra e cuja vida e ensino, por conseguinte, não somos capazes de observar nem de imitar de primeira mão.
“Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.” Salmos 1:1-2

D- Ficamos convencidos das declarações da Bíblia de ser a Palavra de Deus à medida que a lemos. 
Uma coisa é afirmar que a Bíblia alega ser as palavras de Deus; outra coisa é ser convencido de que essa alegação é verdadeira. Nossa convicção suprema de que as palavras da Bíblia são palavras de Deus vem somente quando o Espírito Santo fala em e por meio das palavras da Bíblia ao nosso coração e nos dá a certeza interior de que essas são as palavras do Criador para nós. Sem a obra do Espírito de Deus, a pessoa nunca receberá ou aceitará a verdade de que as palavras da Bíblia são de fato a Palavra de Deus.


Mas para aqueles em quem o Espírito de Deus está operando, há o reconhecimento de que as palavras da Bíblia são as palavras de Deus. Esse processo é intimamente análogo ao qual as pessoas que criam em Jesus sabiam que as palavras dele eram verdadeiras. Ele disse: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (Jo 10.27). Os que são ovelhas de Cristo ouvem as palavras de Cristo, o grande Pastor delas, da mesma maneira que lêem as palavras da Escritura, e se convencem de que essas palavras são, de fato, as palavras do seu Senhor.
É importante lembrar que essa convicção de que as palavras da Escritura são as palavras de Deus não vem separada das palavras da Escritura ou em acréscimo às palavras da Escritura. Não é que o Espírito Santo cochiche em nosso ouvido, dizendo: ”Você vê aquela Bíblia sobre a sua escrivaninha? Eu quero que você saiba que as palavras daquela Bíblia são as palavras de Deus”. Ao contrário, enquanto as pessoas lêem a Escritura é que percebem que o livro que estão lendo é diferente de qualquer outro livro, que ele é de fato o livro que contém as próprias palavras de Deus falando ao coração delas.

E- As qualidades morais e espirituais necessárias para o entendimento correto. 
Os escritores do NT muitas vezes afirmam que a capacidade de entender a Escritura corretamente é mais uma capacidade moral e espiritual que intelectual: “Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente” (1 Co 2.14; cf. 1.18—3.4; 2Co 3.14-16; 4.3,4,6; Hb 5.14; Tg 1.5,6; 2Pe 3.5; cf. Mc 4.11,12; Jo 7.17; 8.43). Assim, embora os autores do NT afirmem que a Bíblia em si mesma seja escrita com clareza, eles também afirmam que ela não será entendida corretamente por aqueles que não estão desejosos de receber seus ensinos. A Escritura é capaz de ser entendida por todos os descrentes que vão lê-la sinceramente buscando salvação e pelos crentes que a lerão procurando a ajuda de Deus para entendê-la. Isso acontece porque, em ambos os casos, o Espírito Santo opera vencendo os efeitos do pecado, que de outra forma fariam a verdade parecer tolice (lCo 1.18-25; 2.14; Tg 1.5,6,22-25).
A Bíblia foi escrita de tal modo que todas as coisas necessárias para a salvação e para nossa vida cristã e nosso crescimento são muito claramente demonstradas na Escritura. Embora certos teólogos já tenham definido a clareza da Escritura de modo mais estrito (dizendo, por exemplo, que ela é clara somente no ensino do caminho da salvação), os textos citados anteriormente aplicam—se a muitos aspectos diferentes do ensino bíblico e não parecem dar apoio a tal limitação às áreas em que se considera que ela fala claramente. Parece mais fiel aos textos bíblicos citados definir a clareza da Escritura do seguinte modo: A clareza da Escritura significa que a Bíblia foi escrita de tal modo que seus ensinos são passíveis de ser entendidos por todos que a lêem procurando pela ajuda de Deus e que estão desejosos de recebê-la. Uma vez que afirmemos isso, contudo, devemos também reconhecer que muitas pessoas, mesmo as do povo de Deus, ainda compreendem erroneamente a Escritura.

F- Atibutos da Bíblia: Os principais ensinos da Bíblia a seu próprio respeito podem ser classificados em quatro características (às vezes chamadas atributos):
(1)    a autoridade das Escrituras;
(2)    a clareza das Escrituras;
(3)    a necessidade das Escrituras;  
(4)    a suficiência das Escrituras.
1-Autoridade das Escrituras: A autoridade das Escrituras significa que todas as palavras nas Escrituras são palavras de Deus, de modo que não crer em alguma palavra da Bíblia ou desobedecer a ela é não crer em Deus ou desobedecer a ele.
2- Clareza das Escrituras : Para resumir essa matéria bíblica, podemos afirmar que a Bíblia é escrita de forma tal que todas as coisas necessárias para nossa salvação e para nossa vida e crescimento cristão encontram-se bem claramente expostas nas Escrituras. Embora os teólogos às vezes definam a clareza das Escrituras de modo mais estreito (dizendo, por exemplo, apenas que as Escrituras são claras no ensino do caminho da salvação), os muitos textos citados acima se aplicam a vários aspectos diferentes do ensino bíblico e não parecem sustentar nenhuma limitação com relação a temas sobre os quais se pode dizer que as Escrituras não falam claramente. A doutrina da clareza da Escritura tem uma implicação prática muito importante e extremamente encorajadora. Ela nos diz que onde há áreas de discordância doutrinária ou ética (por exemplo, sobre o batismo, predestinação ou governo da igreja), há somente duas causas possíveis de discordância: 1) De um lado, pode ser que estejamos procurando fazer afirmações onde a Escritura silencia. Em tais casos, devemos estar mais preparados para admitir que Deus não tem dado resposta à nossa investigação e permitir que haja diferentes perspectivas dentro da igreja. (Esse muitas vezes é o caso com respeito a diversas questões práticas, como métodos de evangelização, estilos de ensino bíblico ou tamanho apropriado de igreja). 2) De outro lado, é possível que tenhamos cometido erros em nossa interpretação da Escritura. Isso pode ter acontecido porque os dados que usamos para decidir uma questão de interpretação foram inexatos ou incompletos. Ou isso se deve a algumas insuficiências pessoais de nossa parte, como orgulho pessoal, avidez, falta de fé, egoísmo, ou mesmo falha em dedicar tempo suficiente à leitura e estudo da Escritura acompanhados de oração.
Mas em nenhum caso somos livres para dizer que o ensino da Bíblia sobre qualquer assunto seja confuso ou não seja passível de ser entendido corretamente. Em nenhum caso devemos pensar que as discordâncias persistentes sobre algum assunto no decorrer da história da igreja signifiquem que não sejamos capazes de chegar à conclusão correta sobre a questão. Antes, se a preocupação genuína a respeito de tal assunto surge em nossa vida, devemos sinceramente buscar a ajuda de Deus e, então, ir à Escritura, pesquisando com toda a nossa aptidão, crendo que Deus irá nos capacitar para termos o entendimento correto.
3- Necessidade das Escrituras: A necessidade da Escritura pode ser definida do seguinte modo: A necessidade da Escritura significa que a Bíblia é necessária para o conhecimento do evangelho, para a manutenção da vida espiritual e para certo conhecimento da vontade de Deus, mas não é necessária para saber que Deus existe ou para saber algo a respeito do caráter de Deus e das leis morais.Essa definição pode agora ser explicada em suas várias partes. 
3.1-  A Bíblia é necessária para o conhecimento do evangelho. 
Em Romanos 10.13,14,17, Paulo diz: “...porque ‘todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo’. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue? [...] Conseqüentemente, a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo”
3.2-  A Bíblia é necessária para a manutenção da vida espiritual. 
Jesus diz em Mateus 4.4 (citando Dt 8.3) que “nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”. Aqui Jesus indica que nossa vida espiritual é mantida pela nutrição diária com a Palavra de Deus, exatamente como nossa vida física é mantida pela nutrição diária com comida física. Negligenciar a leitura regular da Palavra de Deus é prejudicial para a saúde de nossa alma, como negligenciar a comida física é prejudicial para a saúde de nosso corpo.
3.3- A Bíblia é necessária para o conhecimento seguro da vontade de Deus. 
Será argumentado adiante que todas as pessoas nascidas possuem algum conhecimento da vontade de Deus por meio de sua consciência. Mas esse conhecimento é muitas vezes indistinto e não pode comunicar certeza. De fato, se não houvesse nenhuma Palavra de Deus escrita, não poderíamos nunca adquirir certeza a respeito da vontade de Deus por outros meios, como o conselho de outros, o testemunho interno do Espírito Santo, circunstâncias mudadas e o uso do raciocínio santificado e do senso comum. Esses meios todos poderiam dar uma aproximação da vontade de Deus de modo mais ou menos confiável, mas somente por intermédio deles nenhuma certeza da vontade de Deus poderia ser obtida, ao menos no mundo decaído onde o pecado distorce a nossa percepção do que é certo e do que é errado, conduz ao raciocínio errôneo em nosso processo de pensamento e suprime de vez em quando o testemunho de nossa consciência (cf. Jr 17.9; Rm 2.14,15; lCo 8.10; Hb 5.14; 10.22; v. tb. lTm 4.2; Tt 1.15).
3.4- Mas a Bíblia não é necessária para se saber que Deus existe ou para saber algo a respeito do caráter de Deus e das leis morais.
Que dizer de pessoas que não lêem a Bíblia? Elas podem obter algum conhecimento de Deus? Elas podem conhecer certas coisas a respeito de suas leis? Sim, é possível algum conhecimento de Deus sem a Bíblia, mesmo que não seja um conhecimento seguro. É uma  revelação geral,pessoas podem obter o conhecimento de que Deus existe e de alguns de seus atributos simplesmente por observar a si mesmas e ao mundo que as rodeia. Davi diz: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos” (Sl 19.1). Olhar para o céu significa ver a evidência do infinito poder, sabedoria e mesmo beleza de Deus; significa observar o testemunho majestoso da glória de Deus. O fato de que todas as pessoas conhecem alguma coisa das leis morais de Deus é uma grande bênção para a sociedade, pois sem elas não haveria restrição social à prática do mal que as pessoas cometeriam nem refreamento vindo de suas consciências. Porque há algum conhecimento comum do certo e do errado, os cristãos podem muitas vezes estabelecer grande consenso com os não-cristãos em matéria da lei civil, padrões de comunidade, ética básica de negócios e de atividade profissional, além de padrões de conduta aceitáveis na vida cotidiana. O conhecimento da existência e do caráter de Deus também proporciona uma base de informação que capacita o evangelho a fazer sentido para o coração e a mente do não-cristão; os descrentes sabem que Deus existe e que eles quebraram os seus padrões, de modo que as novas de que Cristo morreu para pagar por seus pecados deveriam soar verdadeiramente como boas novas para eles.
Já uma Revelação especial é necessária para a salvação. Contudo, deve ser enfatizado que em nenhum lugar a Escritura indica que as pessoas podem conhecer o evangelho, ou o caminho da salvação, por meio da revelação geral. Elas podem saber que Deus existe, que ele as criou, que elas lhe devem obediência e que elas pecaram contra ele. Mas como a santidade e a justiça de Deus podem ser conciliadas com o seu desejo de perdoar pecados é um mistério que nunca foi resolvido por religião alguma à parte da Bíblia. Nem a Bíblia nos dá qualquer esperança de que tal mistério possa ser desvendado independentemente da revelação específica de Deus. É uma grande maravilha de nossa redenção que o próprio Deus tenha providenciado o caminho de salvação por enviar o próprio Filho, que é tanto Deus como homem, para ser o nosso representante e suportar a penalidade de nossos pecados, combinando dessa forma a justiça e o amor de Deus de modo infinitamente sábio e por meio de um ato maravilhosamente gracioso. Esse fato, que parece lugar-comum aos ouvidos do cristão, não deveria perder o seu encanto para nós: ele nunca poderia ter sido concebido somente pelo homem independentemente da revelação verbal e especial de Deus.
4- Suficiência das Escrituras: Podemos definir assim suficiência das Escrituras: dizer que as Escrituras são suficientes significa dizer que a Bíblia contém todas as palavras divinas que Deus quis dar ao seu povo em cada estágio da história da redenção e que hoje contém todas as palavras de Deus que precisamos para a salvação, para que, de maneira perfeita, nele possamos confiar e a ele obedecer.
A explicação e o apoio bíblico significativos para essa doutrina são encontrados nas palavras de Paulo a Timóteo: “Porque desde criança você conhece as Sagradas Letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus” (2Tm 3.15).O contexto mostra que “as Sagradas Letras” aqui significam as palavras escritas na Escritura (2Tm 3.16). Isso é a indicação de que as palavras de Deus que temos na Escritura são todas as palavras de Deus de que precisamos a fim de que sejamos salvos; essas palavras são capazes de nos tornar sábios “para a salvação”.
Outras passagens indicam que a Bíblia é suficiente para equipar-nos para viver a vida cristã. Em Salmos 119.1 afirma-se: “Como são felizes os que andam em caminhos irrepreensíveis, que vivem conforme a lei do SENHOR!”. Esse versículo mostra a equivalência entre ser irrepreensível e “viver conforme a lei do SENHoR”; os irrepreensíveis são os que andam na lei do Senhor. Aqui temos a indicação de que tudo o que Deus requer de nós está registrado na Palavra escrita. Simplesmente fazer tudo o que a Bíblia ordena é ser irrepreensível à vista de Deus. Mais tarde lemos que um jovem pode “manter pura a sua conduta”. Como? “Vivendo de acordo com a tua palavra” (Sl 119.9). Paulo diz que Deus deu a Escritura a fim de que o homem de Deus fosse “plenamente preparado para toda boa obra” (2Tm 3.17).





G-   A Centralidade de Palavra
A Bíblia ocupa o centro do culto, pois é através dela que Deus nos fala. Calvino afirmou: "... a função peculiar do Espírito Santo consiste em gravar a Lei de Deus em nossos corações". A Igreja é a "escola de Deus". O Espírito é o "Mestre"(o “Mestre interior”). Para progredir nessa escola, “...devemos antes renunciar nosso próprio entendimento e nossa própria vontade”.
A pregação não deve ser rejeitada (lTs 5:19-21); deve ser entendida como a Palavra de Deus para nós; recusá-la é o mesmo que rejeitar o Espírito (cf. lTs 4:8). O pregador não "compartilha" opiniões nem dá "opiniões" sobre o texto bíblico, nem faz paráfrase irreverente do texto. O objetivo é expressar o que Deus disse sob a iluminação do Espírito. Pregar é explicar e aplicar a Palavra aos ouvintes. O aval de Deus não é sobre nossas teorias e escolhas, nem sobre a "graça" de piadas, mas sobre sua Palavra. Portanto, o pregador prega o texto, de onde provém a verdade de Deus para o seu povo. "Quando nos propomos a expor um texto, precisamos declarar exatamente o que o texto afirma. A pregação foi o meio deliberadamente escolhido por Deus para transformar pessoas e edificar seu povo, preservando a sã doutrina através da Igreja, que é o baluarte da verdade.
H- Antigo e Novo testamento – Alianças distintas
A estrutura do relacionamento que Deus estabeleceu com seu povo é a aliança. O primeiro elemento dessa aliança bíblica é o preâmbulo, o qual relaciona as  respectivas partes. Êxodo 20.2 começa com a frase: "Eu sou o Senhor, teu Deus". Deus é o suserano; o povo de Israel é o vassalo. O segundo elemento é o prólogo histórico. Esta seção relaciona o que o suserano (ou Senhor) fez para merecer a lealdade - como livrou os israelitas da escravidão do Egito. Em termos teológicos, esta é a seção da graça.
Na seção seguinte, o Senhor relaciona o que ele requer daqueles sobre quem governa. Em Êxodo 20, são os Dez Mandamentos. Cada um dos mandamentos era considerado um compromisso moral sobre toda a comunidade da aliança.
A parte final desse tipo de aliança relaciona as bênção e as maldições. O Senhor faz uma lista dos benefícios que concederá aos vassalos se eles seguirem as estipulações da aliança. Um exemplo disso se encontra no quinto mandamento. Deus prometeu aos israelitas que seus dias seriam longos na Terra Prometida, se honrassem os pais. A aliança também apresenta maldições que sobreviriam se o povo não cumprisse com suas responsabilidades. Deus adverte Israel que não os considerava como inocentes se falhassem em honrar seu nome. Esse padrão básico fica evidente nas alianças de Deus com Adão, Noé, Abraão, Moisés e a aliança de Jesus Cristo com sua Igreja.
Nos tempos bíblicos, as alianças eram ratificadas com sangue. No antigo testamento, velha aliança, era costume que ambas as partes que estavam entrando em aliança passassem entre as partes de um animal esquartejado, representando assim sua concordância com os termos da aliança (ver Jr 34.18). Temos um exemplo desse tipo de aliança em Gênesis 15-7--21. Nesse texto, Deus fez certas promessas a Abraão, as quais foram ratificadas por meio de sacrifício de animais. Nesse caso, porém, somente Deus passou entre as partes dos animais, indicando por meio de um juramento solene que estava se comprometendo a cumprir a aliança.
A nova aliança, a aliança da graça, descrita no Novo testamento, foi ratifica pelo derramamento do sangue de Cristo na cruz. No âmago desta aliança, está a promessa divina de redenção. Deus não só prometeu redimir todo aquele que põe sua confiança em Cristo, mas selou e confirmou a promessa com o mais santo dos votos. Servimos e adoramos um Deus que se comprometeu para a nossa completa redenção.

Conclusão 
Nós somos herdeiros do Reino de Deus, logo a Palavra de Deus é a fonte autoritativa de Deus para o nosso pensar, crer sentir e agir: A Palavra de Deus é-nos suficiente.
 Quando Satanás tentou a Jesus durante os seus 40 dias de jejum e oração no deserto, dizendo: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transforme em pães” (Mt 4.3),  Jesus Cristo, recorrendo ao Livro de Deuteronômio, capítulo 8, verso 3, respondeu: “ Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede de Deus” (Mt 4.4). Notemos que esta afirmação torna-se ainda mais dramática se consideramos o fato de que Jesus estava à beira da inanição, sendo induzido a pensar que caso não comesse imediatamente poderia morrer.
 Nestas palavras, não temos um contraste entre o espiritual e o físico, antes; há uma demonstração categórica, feita por Cristo, de que devemos ter me mente que a nossa sustentação, em todos os sentidos, provém de Deus: Somos sustentados pela Palavra de Deus. O mesmo Espírito que nos regenerou através da Palavra (Tg 1.18; 1Pe 1.23), age mediante esta mesma Palavra, para que vivamos, de fato, como novas criaturas que somos. A Bíblia é o instrumento eficaz do Espírito, porque ela foi inspirada pelo Espírito Santo (2Pe 1.21).
 Jesus orou ao Pai para que ele nos santificasse na Verdade, que é a sua Palavra. Meus irmãos, se quisermos crescer espiritualmente temos de recorrer à Palavra vivificada de Cristo; somente ela pode nos tornar sábios para a Salvação mediante a fé depositada unicamente em Jesus Cristo (2 Tm 3.15). Com este propósito ela foi-nos concedida (Rm 15.4).

 Você aceita a autoridade das Escrituras? Quando sua opinião sobre determinado tema é uma e a posição da Bíblia é outra, com qual você fica?

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