Jesus diz: “ E tudo
quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no
Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei...” (Jo 14:13-14)
Ele também diz que escolheu seus discípulos “... a fim de que tudo quanto em meu nome
pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.” (Jo 15:16).
De modo semelhante, ele diz: “... Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a meu
Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar...”. “Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e
recebereis, para que o vosso gozo se cumpra.” (Jo 16.23,24; cf. Ef 5.20).
Mas o que isso “orar e pedir em nome
do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” significa?
É claro que isso não significa simplesmente a adição da frase
”em nome de Jesus” após cada oração, porque Jesus não disse: “Se você pedir
alguma coisa e acrescentar as palavras em nome de Jesus’, após a sua oração,
então eu farei”. Jesus não está falando meramente a respeito de adicionar
certas palavras como se elas fossem uma espécie de fórmula mágica que daria
poder às nossas orações. De fato, nenhuma das orações registradas na Escritura
tem a frase “em nome de Jesus” no final delas.
Vir em nome de alguém significa que outra pessoa nos
autorizou a vir com a sua autoridade, não com a nossa. Quando Pedro ordena ao
homem coxo: “... Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda.” (At
3:6), ele está apelando para a autoridade de Jesus, não para a própria
autoridade. Quando os membros do Sinédrio perguntaram aos discípulos: “... Com
que poder ou em nome de quem fizestes isto?” (At 4:7), eles estavam
perguntando: “Com a autoridade de quem vós fizestes isto?”. Quando Paulo
repreende um espírito imundo “em nome de Jesus Cristo” (At 16.18), ele torna
claro que está fazendo isso com a autoridade de Jesus, não com a sua. Quando
Paulo pronuncia juízo “em nome de nosso Senhor Jesus” (1 Co 5.4) sobre um
membro da igreja que é culpado de imoralidade, está agindo com a autoridade do
Senhor Jesus. Orar em nome de Jesus é, portanto, oração feita com autorização
dele com base em sua obra mediadora por nós.
Em sentido mais amplo, o “nome” de uma pessoa no mundo antigo
representava a própria pessoa e, portanto, tudo de seu caráter. Ter um “bom
nome” (Pv 22.1, Ec 7.1) era possuir boa reputação. Assim, o nome de Jesus
representa tudo o que ele é, seu caráter total. Isso significa que orar “em
nome de Jesus” não é somente orar com a sua autoridade, mas também orar de modo
que seja condizente com o seu caráter, que verdadeiramente o represente e
reflita sua maneira de viver e sua própria vontade santa. Orar em nome de Jesus
também significa orar de acordo com o seu caráter. Nesse sentido, orar em nome
de Jesus se aproxima da idéia de orar de acordo com a sua ”vontade” (lJo
5.14,15).
Isso significa que é errado acrescentar “em nome de Jesus” no
final de nossas orações? Certamente não é errado, contanto que entendamos o
significado dessas palavras e que não é necessário pronunciá-las. Pode haver
algum perigo, contudo, se acrescentamos essa frase a cada oração pública ou
particular que fazemos, pois logo ela se tornará para as pessoas simplesmente a
fórmula à qual atribuímos muito pouco significado se a pronunciamos sem pensar
seriamente sobre ela. Ela pode ser vista, ao menos por crentes mais jovens,
como uma espécie de fórmula mágica que torna a oração mais eficaz. Para evitar
tal entendimento errôneo, provavelmente seria sábio decidir não usar essa
fórmula muitas vezes e expressar o mesmo pensamento em outras palavras ou
simplesmente na abordagem e atitude que temos para com a oração em geral. Por
exemplo, as orações poderiam começar assim: “Pai, vimos diante de ti na
autoridade do Senhor Jesus, teu Filho” ou “Pai, não vimos com méritos próprios,
mas nos méritos de Jesus Cristo, que nos convidou a comparecer diante de
ti...”, ou “Pai, te agradecemos por perdoares os nossos pecados e dares acesso
ao teu trono pela obra de Jesus Cristo, teu Filho...”. Em outras ocasiões mesmo
esses reconhecimentos formais não devem ser considerados necessários, à medida
que nosso coração perceba continuamente que é nosso Salvador que nos capacita a
orar ao Pai.
A oração genuína é conversa com a pessoa a quem conhecemos bem e
que nos conhece. Tal conversa genuína entre pessoas que se conhecem mutuamente
nunca depende do uso de certas fórmulas ou palavras exigidas, mas é questão de
sinceridade em nossa linguagem e em nosso coração, uma questão de atitudes
corretas e de condição de nosso espírito.